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23/07/2015

« Deus Manifestado ... »

 
Adão e Eva no Paraíso Terreal (Gustave Doré)

  Queria , na sequência das profecias de Portugal publicadas anteriôrmente  , apresentar-vos um luminôso e até profético texto do amigo Carlos S Silva .

A Colheita de Cristo/Revelação e Apocalipse
(traducção livre de« Reaping the Harvest») 
Pintura de Nathan Green 

Um texto , que de forma clara , esmiúça o que se Passa por detrás do Véu de Ilusão criado por Lúcifer , o qual perpassa pela vida de cada um de nós , sêres humanos , dêsde o nascimento até á morte física , e do qual só nos conseguimos Libertar , SE Entregues consciente e fielmente ,  ao Podêr Superiôr que é o nosso Criadôr .

 
Jesus Caminha por sôbre as águas na Tempestade do Mar da Galileia

Estamos a Vivêr o Apocalipse , que , ao contrário do que muita gente julga , não é exclusivamente um Tempo de Destruição , mas sim , simultâneamente , um Tempo de Revelação .  Revelação , em primeiro lugar , a um nível Individual(não confundamos Indivíduo com ego...) , mas , consequentemente , estendida á Humanidade inteira , da forma que cada um possa Compreendêr , e adaptada ás diferentes Tradições e  culturas , pois Dêus , É PAI de tôdos e não só de alguns que se julgam salvos só porque dizem pertencêr a esta ou aquela  religião ... 

 

 
  O Bom Samaritâno de Dan Burr

Pois Dêus , Quer a tôdos Trazêr para Casa .

 

Êste é Um Tempo Especial e o Final de um Ciclo Evolutivo , não só da Humanidade , mas da Mãe Terra com tôdas as Suas Criaturas. Daí , considerar também nêste texto ,  uma facêta  bastante abrangente e profética estando nós  a Vivêr o Tempo Final dêste Ciclo Evolutivo. Texto êste , perfeitamente Actual e iluminadôr , permitindo a quem o quiser fazêr , tornar mais consciente o dia-a-dia de cada alma , no sentido Maior de Regressarmos á Casa do Pai .

 

 
(De autôr desconhecido)

  Faz-me ,  portanto ,   tôdo o sentido , publicá-lo e , melhor do que tudo , Partilhá-lo com quem quiser aprendêr . 

Deixo-vos , portanto , em Paz , para que possam desfrutar desta Excelente leitura que tanto  bem pode fazêr á nossa alma . 







« ...                 No princípio, era o Verbo
                        e o Verbo estava com Deus
                        e o Verbo era Deus.
                        No princípio, Ele estava com Deus.
                        Tudo foi feito por meio Dele
                        e sem Ele nada foi feito.
                        O que foi feito Nele era a Vida,
                        e a Vida era a Luz dos homens;
                        e a Luz brilhou nas trevas,
                        mas as trevas não a compreenderam.

                                                            S. João  1, 1-5

Francisco de Holanda de aetatibus mundi imagines
1545-1573
(Nota: Francisco de Holanda era Português.Privou com El-Rey Dom Sebastião .
Quiz ligar a sítios Portuguêses , mas os que encontrei estavam quase tôdos infectados com o  AO.)


            Deus manifesta-se assim através da Criação. A Criação cresce no meio das trevas, do nada, preenchendo-o. Cresce harmónicamente, através do que muitos teólogos e pensadores chamaram “a Música Celestial” ou “a Música das Esferas”; a “Música de Shiva”, segundo os hindus.Um crescimento harmónico equivale a um crescimento cristalino.



Assim, o Universo da Criação cresce, expande-se como um imenso cristal, numa estrutura multifacetada – conceptual, energética, material – e perfeita. É uma matriz cristalina de perfeição absoluta, onde se cruzam energias, matéria, tempo, destinos, sonhos...


Helios   /   sun god



  É a “Teia de Wyrd” da Tradição Nórdica, de base ternária (as três nornas que a tecem), 



 Die Nornen Urd, Werdanda, Skuld, unter der Welteiche Yggdrasil
de  Ludwig Burger (1825-1884)


tal como a Trindade Cristã, Hindu ou Egípcia.



As 3 Nornas de Johan Ludwig Gebhard Lund
numa interessante visão bastante cristã .



O contrário, continuando a analogia, encontramos na Terra – que é parte da Criação – muitas rochas e materiais de estrutura amorfa, outros de estrutura micro-cristalina (o granito, por exemplo), e outras, para nosso deslumbramento, de estrutura límpida e cristalina.




A Pedra de Toque (título livre)
criação artística de  PÊNABRANCA



 
 Assim, desde a mais remota antiguidade, o Homem quase venera as mais puras dessas estruturas como pedras “preciosas”, imagem que são da estrutura da Criação.
Temos então uma analogia entre a ordem – símbolo da Criação, do Universo manifestado e onde se manifesta Deus – 

Terra - Consciência -Evolução


e o caos – caracterizado por um crescimento amorfo, entrópico, onde a ausência de ordem leva a todas as aberrações ou, quando muito, à produção de uma massa informe e cinzenta. 


Caos Universal por CatalystSpark


Contudo, tal massa, a existir, será uma adulteração da matéria-prima da Criação, parte que cresceu desordenadamente, como um carcinoma maligno. 
E , no entanto , a Criação é perfeita, cristalina, e o seu plano de crescimento também cristalino. E não-entrópico.
            Deparamos pois com uma anomalia.



Lúcifer é expulso dos Reinos Celestiais de Gustave Doré  

            Anomalia que decompõe a Criação, que deriva dela, que tem existência, embora aberrante. Assim sendo, essa anomalia não pode ser resultado do nada, do vazio, da treva. 
O nada é estéril; do nada, nada resulta, nada é criado, já que o nada é a própria antítese da Criação.
            De onde decorrerá então essa anomalia? E porquê?
            Ocorre-nos quase de imediato a fábula do “aprendiz e feiticeiro”. Algo ou alguém que quer imitar a Obra do Mestre e não consegue obter senão horrendas caricaturas. E que, não o conseguindo, a tenta destruir. 



Lúcifer ,  fotografia de Louc Viatour


Chegamos então ao Anjo Caído, a Lúcifer. Que não sendo o nada – o nada nada é – quer também ele criar ou, na impossibilidade de o fazer como o Criador, tenta destruir a Criação de Deus. Para que só a dele exista, sem possibilidade de comparação.
            A essa criação aberrante pertencem os ogros, os trolls e demais criaturas sombrias de todos os folclores e de todas as tradições. E também, num aspecto muito menos mitológico, possivelmente os vírus, cuja única função parece ser o da destruição da Criação.


Sionismo


 Mas em breve voltaremos a este assunto.
            Assim, capaz apenas – no seio de uma imensa massa de “criação” amorfa – de elaborar, quando muito, pequenos cristais de uma beleza duvidosa e passageira como uma ilusão – Lúcifer é o senhor das ilusões – roído pelo orgulho e pela inveja, o Anjo Caído e os seus companheiros tentam então destruir a Criação Divina, destruir a Matriz Cristalina de Luz que a sustenta. 


Projecto Bluebeam de Reinhard Ponty


Como? Decompondo-a, corrompendo-a, desagregando-a, para que, separada assim do núcleo “onde a Vontade de Deus é conhecida”, ela seja aspirada e destruída pelo vórtice insaciável do nada. 



Buraco nêgro de mohsenaliyar



 É o assalto das “forças da dissolução” contra as “Forças da Harmonia”, de que falam tantas religiões. É o Apocalipse, para os Cristãos, o “Ragnarok”, para os (...) Germanos e Vikings...




            É uma posição incómoda e instável, a de Lúcifer ou Iblis (como lhe chamam os muçulmanos), e dos seus companheiros de sombra; um equilíbrio entre a Luz e a treva – o nada – tentando destruir a Criação da Luz e, mesmo assim, não soçobrar na treva. 


Não tentarás ao Senhôr teu Dêus !(título livre)
do original «Denying satan» 
de  Carl Heinrich Bloch


É, no fundo, uma tarefa destinada ao fracasso, já que a “criação” diabólica é instável e volátil como as ilusões. E uma vez destruída a Matriz de Luz (nunca o será!), a estrutura da Criação, a Teia de Wyrd, toda a estrutura de dissolução da sombra seria num momento desconjuntada e aspirada no turbilhão do nada. 



 Friedrich Heine, O Cedro Yggdrassil, 1886


Lúcifer sabe-o bem. Mas não recua. Sabe que a sua salvação – e a da sua “criação” aberrante e ilusória – seria o abandonar a sombra para regressar à Luz. 


Lúcifer perante Dêus PAI de  Mihály Zichy


Só assim poderia fazer face à treva. Mas não cede. Por orgulho. O mesmo orgulho que lhe provocou a queda, ao se recusar a adorar a Criação de Deus.

 

Lúcifer antes da Queda (Título livre para «Seraphim) 
 de  Thitipon Dicruen

 

 Ele, que havia sido criado a partir do fogo, iria “rebaixar-se” a adorar uma Criação feita de barro (Corão, Capítulo XVII, suras 61 a 65)? 


 A Criação (título livre) de Betsy Porter

Só que, no imenso orgulho que o dominava, Lúcifer não compreendeu que ele fora criado a partir de um só elemento – o fogo – e com características próprias desse mesmo elemento; e a Criação Divina, sendo a manifestação de Deus, era constituída pelos quatro elementos alquímicos. E que sendo a manifestação de Deus, seria a Deus que Lúcifer estaria a adorar quando adorasse a Criação.

 
Adoração dos Anjos a Dêus  de Rubens


            “Houve então uma batalha no Céu; Miguel e os seus Anjos lutaram contra o dragão. E o dragão lutou, juntamente com os seus anjos, mas foram derrotados, e não se encontrou mais lugar para eles no Céu” (Apocalipse, 12, 7-8).


Gustave Doré


            Lúcifer caiu e tornou-se Satanás ou Satã, que quer simplesmente dizer “adversário”, “parte contrária”. Escondeu-se nas sombras dos mundos inferiores, ele que fora portador da Luz, agora dela privado. Errando nas sombras da orla da Criação, quase na “terra de ninguém” que a separa da treva, do abismo, do nada.


No sub-mundo de Satanás-Lúcifer  de Gustave Doré


            Na sombra, nos mundos mais densos e materiais, tenta a sua criação de aprendiz. Não possui o “código sagrado”, o “código inviolável” – para alguns estudiosos o próprio código do ADN – , chave da vida na Matriz Divina. 


 
A Matriz Divina (título livre para «Double Helix») 
de Mark Henson


Ou, pelo menos, não consegue reproduzir esse código na sua perfeição original e, assim, dele resulta degeneração e corrupção. Criam-se monstros de “vida” efémera e dolorosa. Então, apenas na posse de parte desse código, dominado pelo ódio e pelo orgulho ferido, Satanás cria imensos exércitos de minúsculos semi-seres, quase micro-autómatos de destruição – os vírus – para, no plano material, corromper a Criação. 


Desenho de David Dees 
Um « Cocktail » de Vírus , Bactérias e Químicos mortais


Repare-se que um vírus não é  própriamente um ser vivo (não é flora, como as bactérias), mas apenas uma cápsula com receptores moleculares, contendo uma porção de código de ADN – o suficiente para se reproduzir, auto-copiando-se, e penetrar e destruir o ADN das células vivas. No início, causando uma infecção; no extremo, um cancro.
            Isto ao nível de micro-cosmos material.


CERN , a abrir as portas do Inferno


 Ao nível de macro-cosmos, o ataque à Matriz cristalina toma outros contornos. No que diz respeito a este continuum de espaço-tempo em que estamos, ou seja, a esta matriz de realidade, esse ataque dissolutivo focou-se na substituição – ou antes, na sobreposição – da Matriz Cristalina por uma matriz corrompida, uma matriz de sombra, que age como uma espécie de “véu pintado”, um cenário sombrio, como diziam alguns filósofos chineses. Mas de que modo se pode a matriz de sombra sobrepor à Matriz original?


São João Evangelista em Patmos 
de  Hieronymus Bosch 


            De um modo simplista, podemos considerar uma matriz de realidade como constituída por Luz, Espaço e Tempo, uma constituição ternária, portanto. É como uma estrutura energética fluída, cuja fixação ou consolidação digamos, material (poderíamos dizer que lhe é atribuída “consistência”), é obtida através do seu preenchimento com pensamentos – a nível energético – palavras (o Verbo) e acções ou obras. Podemos compará-la ao plano de base e aos alicerces de uma catedral medieval, sobre os quais, aos poucos, vai sendo construída a “Casa de Deus”. Assim, sobre a Matriz Primordial – divina – desta realidade, é construída a “Casa de Deus”, ou seja, a própria realidade.


Mosteiro de Santa Maria da Victória

            O que as sombras Luciferinas fizeram foi, em tempos remotos (desde há cerca de 144.000 a 128.000 anos até cerca de 14.000 anos, data aproximada do último dilúvio e do afundamento do Continente Atlante), corromper essa matriz, substituindo o parâmetro de Luz por um de sombra (no fundo, ocultando a luz). Os outros parâmetros ficaram por isso distorcidos, ampliando-se ilusoriamente as distâncias (o Espaço) para haver a ilusão do isolamento e da separação com o Criador, e separando os três rios do Tempo (passado, presente e futuro), que correm como um só (Eterno Presente) na Matriz Divina. 



O Dilúvio de FRAGGIE 


Novamente uma separação, uma dissolução, embora ilusória. Assim, sobre uma matriz sombria, começaram a construir o seu templo escuro. Pelas acções nefastas de seres humanos dominados por pensamentos de cobiça, ganância, orgulho, inveja e ódio. Pela instalação, a partir dessa matriz de sombra, da ilusão do medo no coração do homem, da ilusão da conquista e subjugação violenta dos outros e da própria Natureza – face bem visível da Criação – como forma (sempre ilusória) de tentar ultrapassar esse mesmo medo.


Gandi


            Assim, pouco a pouco, em ciclos viciosos e viciados de medo, ódio e destruição, as hostes do Anjo Caído foram construindo o seu edifício de sombra, de ilusão e de dissolução, contando colocar as “pedras de fecho” das abóbadas negras por alturas da presente era (passagem do segundo para o terceiro milénio), consolidando desse modo a matriz de sombra, tornando-a real e não mais uma ilusão sombria (embora, como sabemos, tal estrutura não pudesse durar muito). 


Satanás-Lúcifer a presidir ao Concílio Infernal de John Martin


Assim, Satanás não deverá ser chamado “Príncipe do Mundo” mas, mais propriamente, “Príncipe da matriz de sombra”, da realidade sombria ilusória que tem coberto o Mundo.
            Contudo, o Criador enviou sempre os seus mensageiros e auxiliares a todas as raças, a todas as espécies, durante todo o decorrer da ilusão temporal. Até à humana, nesta esfera azul de um sistema solar remoto entre a imensidade de galáxias do seu Universo Criado pelo Amor. 



Uma Teia Doirada de John Melhuish Strudwick


Uma pequena esfera azul onde se cruzam uns quantos fios da “Teia de Wyrd”, onde existe um dos muitos nós da Matriz inicial. E onde se cruzam tantas e tantas vidas, tantas e tantas alegrias e sofrimentos. Um cruzamento de destinos é mesmo isso. Um lugar movimentado... e atribulado.




            Os mensageiros são muitas vezes conhecidos como Anjos ou génios, muitas vezes por esse mesmo nome – mensageiros – como Maomé, por exemplo. Ou por profetas, ou por Mestres, como Buda, Confúcio, Lao-Tseu. Ou por Messias ou Ungidos, como Jesus de Nazaré.


        

   Jesus que disse “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, por oposição a Satanás, o caído, que se diz “o abismo, a mentira (ou ilusão) e a morte”. A ordem e a harmonia, por oposição ao caos e à dissolução. Jesus foi o “Christos”, o Ungido, pois nele – no homem Joshua Ben Joseph (Jesus Filho de José) – habitou o Cristo Cósmico, o filho do Verbo Divino, a Energia Criadora de Deus. A força de um Universo inteiro a condensar-se em pouco mais de trinta anos terrenos num corpo material e humano, minúsculo à escala universal, nesta parte do Universo, nesta pequena-grande encruzilhada da “Teia de Wyrd”, neste nó da Matriz original.


 
«A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não A receberam. ...»
 

            Com que finalidade? Pregar? Ensinar? Isso fizeram tantos e tantos mensageiros, conhecidos e desconhecidos, que esta e outras humanidades encontraram. 

 
 
« ... O Verbo era a Luz verdadeira,que, ao vir ao mundo,a todo o homem ilumina. 
Êle estava no mundo e por Êle o mundo veio à existência, 
mas o mundo não o reconheceu. ...»
João 1:9-10

 
É claro que a Mensagem de Jesus é importantíssima, acrescentando à velha lei cármica da causa e efeito (Aquele que matar pela espada, morrerá pela espada), conhecida desde os tempos da inversão – como podemos chamar-lhe – da matriz, especialmente entre os hindus e os budistas,

 
Ôlho-por-ôlho-dente-por-dente ... 
 O Código de Hamurabi(1780 A.C.)
 por Robert Thom


 por uma outra lei, a ela superior: a Lei do Perdão, ligada às Leis do Amor. Amor ao próximo, amor ao não-próximo, amor por toda a Criação. Perdão através do arrependimento interior, através da consciencialização dos erros cometidos. Não como faltas, repare-se, pois o Criador não castiga, mas como erros, como ilusões negativas, vindas da sombra.




            Equivale a Sua Mensagem a um separar de águas: por um lado, temos os pensamentos, sentimentos e emoções próprias da Luz, edificadores do edifício da Matriz Original; são eles a Alegria, o Amor, a Bondade, o Prazer, a Beleza, a Força construtiva e serena, a Sabedoria. 


A Mãe do Verbo Encarnado e Nossa Senhôra,
  A Dispensadora da Misericórdia, 
A Mediadora das Graças, 
A Santa Sofia,
 A Protectôra da Sabedoria , 
A Senhôra da Montanha da LUZ ,
A Senhôra da LUZ do MAR,
A Stella Maris da Luz da Citânia 



Por outro lado, temos os opostos, característicos da matriz de sombra: o medo, a ganância, o ódio, a inveja, a estupidez, a mentira, a fraqueza face a solicitações negativas, a força destruidora e violenta, a maldade, a dor, o sofrimento, a desolação. 


O Jardim dos Prazêres Terrênos - Inferno (o painel direito) 
Hieronymus Bosch


Poderíamos ainda acrescentar a essas matrizes duas qualidades ou campos de actuação predominantes: O Ser, próprio da matriz luminosa e o Ter, mais próprio da matriz de sombra.
            Podemos, especulando um pouco mais, eleger como representativo das duas matrizes – a de Luz e a de sombra – as qualidades do Amor e do medo, respectivamente. O medo, ainda mais do que a maldade, é o que leva todos os seres vivos deste planeta a serem subjugados por uma mera ilusão.




 de  João de Dêus 


É quase – e aqui a parábola é directa – o efeito paralisante do olhar de uma serpente sobre a sua presa, que fica paralisada de medo, em vez de se defender ou de fugir. E da paralisação das suas faculdades deriva a sua manipulação pela matriz de sombra, que se alimenta literalmente das energias negativas citadas, principalmente da do medo. Alimenta-se e cresce, como um tumor maligno, assim como a Matriz Divina o faz, mas crescendo cristalinamente a partir das energias e pensamentos positivos. Da energia do Amor, principalmente. “Amai-vos uns aos outros, tal como eu vos amei a vós”, disse Jesus.



A Cruz Reverdecida de Giovanni da Modena



            Muito resumidamente, terá sido esta a essência da sua mensagem, uma lei de Amor e Perdão, superior às leis naturais de causa e efeito, substituindo nas religiões do Homem a ideia de um deus castigador (o Jeová do Antigo Testamento, por exemplo), por um Criador Infinitamente Bom. 



  Mensagem do PAI-do-CÉU á Humanidade


 
“Em nome de Deus, beneficente e misericordioso!”, assim diz a primeira sura ou versículo do Corão, aquela que entra em todas as orações muçulmanas. Também para afastar o medo dos corações dos homens. E, assim, ensinar a construir a Matriz de Luz e a não fornecer energia à matriz de sombra.
            Mas, dissemos, ensinar foi o que fizeram quase todos os mensageiros, profetas, e Mestres que esta Terra conheceu. A missão de Jesus, o Cristo, foi de um alcance infinitamente maior.



            Como também dissemos, durante os trinta e poucos anos da sua vida terrena, o Homem Jesus foi acumulando – por assim dizer – no seu corpo físico e energético a energia de todo um Universo, a energia manifestada do Criador. Por isso mesmo, os muçulmanos chamam a Jesus – para eles Issá, de Joshua – o “Filho do Verbo Divino”. Do Verbo como energia criadora[1].


«Êste É O Meu Filho Muito Amado No Qual Pus Tôda a Minha Complacência ! »
O Baptismo de Jesus por  Grigori Grigorevich Gagarin

 
            “Esta já não é a comemoração da passagem da servidão para a liberdade”, terá dito Jesus na Última Ceia, referindo-se à Páscoa judaica, “mas a Passagem da servidão da morte para a liberdade da Vida”.



A Última Ceia de Carl Heinrich Bloch 



            Poderíamos quase interpretar estas palavras como sendo a Passagem da servidão imposta pela matriz de sombra para a liberdade da Matriz Divina. 


Revelação : A Mulher e o dragão
por Gustave Doré
 

Restaurada, portanto.
            “Destruam este Templo e eu o reconstruirei em três dias”, disse Jesus. 


« Destruí Êste Templo ... »

três dias que tudo mudaram.
            No dia seguinte ao da Ceia, Jesus é crucificado, morto numa cruz. Cruz que, em latim, é crux, que também significa cadinho (o cadinho alquímico), e que também equivale a... matrix, matriz, mãe...



Mãe Terra de David Demaret 



            No momento da morte de Jesus, a Energia do Cristo Cósmico – a Energia criadora do Universo – acumulada e contida naquele único e frágil corpo, é libertada num único instante. É uma imensa explosão de Luz que se expande em vagas concêntricas, a uma velocidade avassaladora, e que varre literalmente todo o Universo. Não houve caverna, gruta, entranha, molécula, átomo, planeta, estrela, galáxia, que não fosse por ela varrida, por ela banhada, por ela purificada. A partir de um nó da Matriz, numa encruzilhada da “Teia de Wyrd”, no ponto de encontro dos braços da Cruz[2].
            “Qualquer movimento ou perturbação num dos fios da teia, fá-la vibrar na sua totalidade”, diz a Tradição nórdica, numa antecipação notável do “efeito borboleta”. E este não foi um simples movimento, foi uma explosão de magnitude cósmica. Tão grande e tão poderosa que arrancou todos os “pontos de ancoragem” da matriz de sombra, desarticulando-a e destruindo-a.





          “À hora sexta, houve trevas sobre toda a Terra, até à hora nona” (S. Marcos, 15, 33). “Então, o véu do Santuário rasgou-se em duas partes, de cima a baixo, a terra tremeu e as rochas fenderam-se.” (S. Mateus, 27, 51). O véu do Templo não só se rasgou, rasgando-se simbolicamente o véu da ilusão, mas o próprio Templo ruiu. E a escuridão assinalou a destruição da matriz de sombra. Por todo o Universo.
            Três dias depois, Jesus ressuscita. É Ele o primeiro ponto de ancoragem da nova Matriz de Luz. É Ele o reconstrutor do Templo. Do Templo que sempre deveria ter sido, e que agora é.
            Mas, pensamos, então porquê este arrastar das condições negativas, mesmo deste exacerbar do medo, do ódio, do mal?... Tudo próprio da matriz de sombra? Bom, temos de considerar primeiro uma certa inércia de todo o processo no denso mundo material que habitamos. Depois, podemos comparar essas energias negativas a “materiais de construção” do templo negro que Satanás e os seus seguidores edificavam sobre a matriz de sombra. Só que essa matriz já não existe há dois mil anos. E, quando os trabalhadores da sombra se preparavam para assentar a abóbada, verificaram que o edifício já não tinha alicerces (dois mil anos são um instante, em termos de tempo cósmico) e que ruía por toda a parte.

 A Destruição da Tôrre de Babel de 
Crispijn de Passe the Elder 


            Assim, atarefam-se agora, em desespero, a tentar tapar brechas e rombos numa estrutura que se desagrega inexoravelmente, numa estrondosa derrocada. Precisam assim, urgentemente, de mais material de construção: de mais ódio, de mais medo, de mais mentira. 


Os anjos Caídos preparam-se para a Guerra
de  Gustave Doré


Apesar de saberem já não conseguirem salvar o seu sinistro edifício. Apesar de saberem que a sua estrutura desconjuntada – e os que nela participaram – separada do “Centro onde a Vontade de Deus é Conhecida”, separada da Criação, será inelutavelmente “aspirada” para o vazio do nada, para as trevas.






            Mas Deus é o Criador infinitamente bondoso e, no seu infinito perdão, pede aos seus Anjos e Mensageiros que estendam a mão aos obreiros da sombra, que seguem agarrados ao seu destroço condenado, à sua matriz negra. E logo infinitas mãos de Luz se estendem para esses caídos, até para Satanás, oferecendo-lhes a Salvação da Luz. Mas, obcecados pelo orgulho, os obreiros sombrios têm recusado a ajuda que lhes é oferecida. Afadigam-se a remendar o seu destroço gigantesco, na ilusão de poderem evitar que ele seja tragado pelo nada, tentando angariar mais mão-de-obra e mais matéria-prima. 

 Martin van Heemskerck , Philips Galle The Destruction of Babylon1


Remendá-lo com elementos furtados, desviados da Criação, da Matriz Divina. Em vez de a Ela se juntarem e assim enfrentarem o nada no seio do maravilhoso projecto criativo do Ser que Foi, que É e que Será. Para todo o Sempre. Conhecido por todos os seus nomes e por eles chamado: Deus, Alá, Ali, Eli, Eloi, Elohim, o Ser Supremo, o Grande Espírito Branco, Manitú, Tyr, Odin, Wotan, Brama, Osíris, o Grande Arquitecto do Universo...


A Victória Final de Cristo(título livre)
 de uma ilustração de Bernhard Plockhorst


            Contribuamos pois para a construção da Casa de Deus, sobre a Matriz de Luz da “Nova Jerusalém Celeste”. Os materiais, já os conhecemos... já os sabemos escolher. Os planos e métodos de construção também – ensinaram-nos Jesus, Buda, Maomé e tantos outros.
            Mãos à Obra!

                                                            Murches, Cascais, 30 de Maio de 2002»



[1] “Recorda-te quando os anjos disseram: «Ó Maria! Deus te anuncia um Verbo, emanado d’Ele, cujo nome é o Messias, Jesus, filho de Maria; será ilustre nesta vida e na outra; e estará entre os próximos a Deus» (Corão, Capítulo III, sura 45).
[2] “E é aí que floresce a Rosa”, diz, entre outras, a tradição rosacruciana.  

2 comentários:


  1. Viva Rogério,

    Belo texto sobre um tema a que o génio de Jacob Boheme se refere com a sua Visão sublime.

    http://acaminhodacasa.blogspot.com/search?q=lucifer

    abraço amigo

    Pedro Belo

    ResponderEliminar
  2. Viva Pêdro !

    Obrigado pelo comentário .

    Abraço amigo .

    Rogério

    ResponderEliminar

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