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“Quem nasce em Portugal é por Missão ou Castigo” – - Profecia lapidar da Montanha de Sintra.
E a nossa grande Raça partirá em busca de uma Índia nova, que não existe no espaço, em naus que são construídas «daquilo que os sonhos são feitos». E o seu verdadeiro e supremo destino, de que a obra dos navegadores foi o obscuro e carnal ante-arremedo, realizar-se-á divinamente.
Profecia de Fernando Pessoa, extraída de A Nova Poesia Portuguesa no Seu Aspecto Psicológico, in A Águia, nº 12, II série. »
E quem não nasce em Portugal , qual é a razão ? Sinto que a resposta é : Fazêr corar de Vergonha os que cá nascêram , mas que não tem nenhuma consciência da sua responsabilidade ...
D. Aleixo Corte Real, um exemplo de fidelidade e patriotismo para muitos e muitos "portuguêses" nascidos em Portugal , mas que não merecem tal Ventura .
«Resta-me citar os indígenas, quer chefes, quer simples habitantes da colónia, que, durante o período dos acontecimentos a que este relatório se refere, deram pelo seu procedimento para com a Pátria e para com os portugueses provas irrefutáveis da sua dedicação, da sua lealdade, do seu absoluto patriotismo.
Avulta entre eles, como estrela de primeira grandeza, o liurai de Ainaro, circunscrição do Suro, D. Aleixo Corte Real. Para esse tive já a honra de fazer uma proposta especial, relatando sucintamente o que foi a acção desse grande chefe e como se manifestou, em termos excepcionalmente vincados, o seu extraordinário patriotismo. E o Governo da Nação premiou já condignamente, com o grau de comendador da Ordem Militar de Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, esse grande português.»
Manuel de Abreu Ferreira de Carvalho em Relatório dos
Acontecimentos de Timor (1942-1945).
Defendia e bem Teixeira de Pascoaes, em Arte de Ser Português, que a superioridade da raça não assenta em pressupostos biológicos, materialistas ou positivistas, mas sim num carácter puro, nobre e distinto, baseado na incorruptibilidade do espírito e de toda a essência metafísica do indivíduo. A Educação dos dias de hoje, bastante distinta daquela apregoada por Pascoaes em inícios do séc. XX, suprimiu por completo a noção de raça, desvirtuando e criminalizando o conceito, substituído pela vacuidade de um paradigma vazio, alheio a valores, identidades e princípios, alimentado pela adaptabilidade do ser humano, em jeito de darwinismo social, aos interesses da ordem vigente, mesmo quando esta desrespeita todos e quaisquer pressupostos éticos, culturais e até humanitários.
Talvez por esta razão, figuras como D. Aleixo Corte Real se tenham tornado tão incomodas e por isso remetidas para um confortável esquecimento. Contudo, a fidelidade e sacra memória que devemos aos nossos antepassados, faz-nos hoje invocar a lembrança deste grande herói português.
D. Aleixo Corte Real nasceu em 1886 na cidade de Ainaro, localizada e 78 km de Díli, capital do Timor Português. Inicialmente chamava-se Nai-Sesu, tendo adoptado o nome pelo qual ficaria conhecido apenas em 1931, ano em que se converteu ao catolicismo e foi baptizado.
A sua fidelidade à pátria-mãe cedo começou a expressar-se quando, entre 1911 e 1912, combateu ao lado dos portugueses na sublevação de Manufahi. O seu papel de régulo conferiu-lhe um importante estatuto em toda a região, sendo um importante embaixador de Portugal naquele território. Porém, não foi devido ao seu relevante papel político-militar que o régulo timorense se destacou, mas sim pelo carácter e nobreza demonstrados ao revelar-se incorruptível aquando da invasão japonesa daquele território português, durante a II Guerra Mundial.
Apesar da neutralidade portuguesa, o território do Timor Português foi inicialmente invadido por um contingente holandês e australiano, com a desculpa de que Portugal não defendia aquele espaço, estando desse modo vulnerável a uma ocupação nipónica. Este facto acabou por verificar-se, provavelmente devido à invasão preventiva perpetrada pelas tropas australianas e holandesas. Durante aproximadamente três anos o terror espalhou-se naquela província ultramarina. Descontentes com a presença proselitista e declaradamente hostil do imperialismo japonês, a maioria da população timorense colocou-se do lado da resistência a estes invasores, apoiados também por uma pequena franja de milícias autóctones, designadas de Colunas Negras. D. Aleixo Corte Real foi, tal como o seu irmão, um dos líderes da resistência contra a ocupação nipónica, tendo acabado cercado e capturado em 1943 pelas tropas japonesas e membros dessas milícias pró-nipónicas.
Foi com sua captura e consequente sacrifício que o régulo alcançou a sua maior glória, mitificando-se, após enfrentar os seus algozes, negando-lhes a legitimidade sobre aquelas terra, depois de lhes negar a entrega da bandeira portuguesa. Este heróico e nobre acto custou-lhe a vida a si e à sua família que foi executada por um pelotão de fuzilamento japonês.
Mesmo destino teve o seu irmão e outros chefes locais que se uniram na defesa dos interesses das suas gentes e da sua pátria: Portugal. D. Aleixo Corte Real tornou-se rapidamente um símbolo do patriotismo nacional e da união entre os diversos povos portugueses. A sua honra e fidelidade foram justamente lembrados pelo Estado Português, tornado-se D. Aleixo Corte Real uma personificação da heroicidade e ferocidade da alma portuguesa, fiel de si mesma e absolutamente incorruptível... em qualquer circunstância!
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Régulo D. Aleixo Corte Real junto da sua família. |