« Pôrto calmo de Abrigo,
De um Futuro Maior,
Ainda não está perdido
No presente temôr.
Não faz muito sentido,
Já não esperar o melhor,
Vem da névoa saindo,
A promessa anterior .
Quando avistei,
Ao longe o mar,
Ali fiquei
Parada a olhar.
Sim, eu canto a vontade,
Canto o teu despertar,
E abraçando a saudade
Canto o tempo a passar .
Quando avistei,
Ao longe o mar,
Ali fiquei,
Parada a olhar.
Quando avistei,
Ao longe o mar,
Sem querer , deixei-me
Ali ficar. »
Pintura do grande mestre Carlos Alberto Santos
O esforço
é grande e o homem é pequeno
Eu,
Diogo Cão, navegador, deixei
este
padrão ao pé do areal moreno
e para
deante naveguei.
A alma
é divina e a obra é imperfeita.
Este
padrão signala ao vento e aos céus
Que,
da obra ousada, é minha a parte feita:
O por
fazer é só com Deus.
E ao
immenso e possível oceano
Ensinam
estas quinas, que aqui vês,
Que
o mar com fim será grego ou romano:
O mar
sem fim é portuguez.
E a
Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz
a febre em mim de navegar
Só encontrará
de Deus na eterna calma
O porto
sempre por achar.
(in Mensagem
de Fernando Pessôa)
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