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03/06/2011

Um Sêr Humano e Português Extraordinários -João Antunes, O Padre Bôi de Condeixa-a-Nova

Hoje senti vontade de vos falar do Padre João Antunes . Na História extraordinária de Portugal , sempre houve , Grandes Heróis e Personagens Fantásticos .Uns imortalmente conhecidos , e outros , Sêres Humanos e Portuguêses fantásticos , desconhecidos da grande maioria do Pôvo . O padre João Antunes é um dêles .Não vos vou maçar com as minhas palavras .Deixo-vos com palavras sabedôras .



"Eis o Padre-Boi, sua alcunha. Comilão émulo de D. Carlos. Eu parava na rua, deslumbrado e estarrecido, para lhe admirar o porte e lhe beber as famas. Financiava do seu desgorvenado bolso uma Escola de Artes e Ofícios; com mestres de quilates; morreu sem um lençol na cama. Mas entretanto a vila multiplicara-se em pintores de Domingo, Marceneiros-artistas, Ferreiros, Compositores Populares."
 (Fernando Namora)


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"João Augusto Antunes nasceu em Coimbra, em 15 de Novembro de 1863, filho legítimo de Luís Antunes, criado de servir, e de Teresa de Jesus, ambos naturais de Semide, Miranda do Corvo. Foi baptizado a 30 do mesmo mês, na igreja de S. Bartolomeu.
De criado de servir, Luís Antunes transformou-se num abastado talhante da Lusa Antenas, onde adquiriu casa na Rua da Ilha e terrenos, parte dos quais actualmente ocupados pelo edifício do Hotel Avenida e pelo parque Dr. Manuel Braga.
A razoável abastança de Luís Antunes permitiu-lhe dar ao filho uma formação superior.
Licenciou-se em Teologia e Direito.
Dr. João Augusto Antunes inicia a sua actividade profissional como conservador do Registo Predial de Condeixa.
... Ele era corpulento e já se afirma que tinha o tamanho de uma torre, tinha o seu fraco por mulheres (diz-se que teria pelo menos 35 filhos provenientes de várias mulheres), comprovados conhecem-se-lhe 13 filhos de 5 mulheres diferentes, tinha o seu fraco por mulheres e propala-se que deixou filhos por tudo quanto era sítio, adorava mesa farta e não falta quem jure que a alcunha de "Padre-Boi" lhe adveio de ter ganho a aposta de comer num jantar um boi inteiro ...
Faleceu em 26 de Agosto de 1931, estando sepultado no cemitério de Condeixa". »
(in Dr João Antunes , o Padre Bôi  de  M. Rodrigues dos Santos-Edição da C M  de Condeixa)
« Dr. João Antunes - "Padre-Boi"
O perfil da personalidade mais carismática da história de Condeixa traça-se entre a figura extraordinária de cabeleira leonina, porte hercúleo e de veio erudito e a proximidade natural e afável com a arraia-miúda. Entre a bonomia, a alegria contagiante, a gargalhada sempre pronta e tonitruante e a luta afincada e nem sempre risonha pela prosperidade cultural e material da terra. Entre uma generosidade sem limites, a que não estorvava a míngua de recursos e a riqueza do exemplo e do legado deixados. Entre o homem e a obra.
João Augusto Antunes nasce em Coimbra, em 1863. O relativo desafogo económico dos pais possibilitou-lhe uma formação superior: conclui o curso de Teologia, obtém ordenação sacerdotal e prossegue estudos na faculdade de Direito. Vem para Condeixa, na qualidade de Conservador do Registo Predial, e exerce funções religiosas enquanto coadjutor do pároco da vila e capelão da casa Ramalho.
Detentor de uma cultura excepcional, dedicado à pintura e, acima de tudo, musicólogo de reconhecido mérito, converteu operários e trabalhadores rurais da terra em cantores-corais, constituindo o primeiro orfeão popular do país. A primeira audição do assim designado Orfeão dos Trabalhadores e Artistas de Condeixa teve lugar na Igreja-Matriz de Condeixa-a-Nova, em 1903, ao que se seguiram inúmeras apresentações por todo o país que colheram rasgados elogios da crítica.
Preocupado com a orientação profissional dos jovens do concelho (na sua maioria desprovidos de qualquer instrução) e desejoso de despertar talentos artísticos desconhecidos, instituiu uma Escola de Desenho Industrial que em larga medida custeava.
A alcunha de "Padre-Boi", com que ficou popularizado, adveio-lhe da compleição física avantajada e de um apetite voraz; proliferam os episódios caricatos sobre a sua gula impenitente que terá mesmo motivado a sua aproximação ao rei D.Carlos, numa sua visita a Condeixa. O monarca, que para além dos interesses gastronómicos, rapidamente encontrou outras afinidades com o douto João Antunes, distinguiu-o, mais tarde, com a nomeação de Capelão da Casa Real.
Apesar de profundamente devoto, o seu modo de vida algo boémio e a prole numerosa que sempre assumiu (prova inequívoca dos sêus deslizes profanos) suscitaram conturbação na Igreja, tendo-lhe valido diversas admoestações do Bispo.
A morte sobreveio em 1931, pondo termo a uma vida de entrega à comunidade que lhe granjeou a admiração, o respeito e a saudade de quantos o conheceram e de quantos, hoje, se revêem na sua obra.»
Espero que tenham ficado a gostar tanto do Padre Bôi como êu !

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