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12/03/2011

Viriato

Viriato - Pai da Lusitânia e o Modo de Viver Estóico



Ainda que Indibil e Mandonio fossem caudilhos iberos que combateram as legiões romanas, aliando-se aos cartagineses, o primeiro que praticamente uniu toda a Lusitânia na luta contra o invasor foi Viriato. Ele é uma encarnação da História e talvez, ante o olhar do Céu, o primeiro Rei da Lusitânia. Também é um modelo de vida austero, generoso, entregue ao serviço da comunidade, “a Coisa Pública”. Os filósofos estóicos fizeram dele um paradigma de alma forte e sábia, pois sendo ainda um pastor - da Serra da Estrela? - logo caçador, antes de se converter num caudilho de homens, sabia ler no coração do homem e no coração da natureza.
Viriato (m. em 139 a. C.) converte-se, depois das suas façanhas e da sua vida austera, no ideal do herói da filosofia cínica e estóica. Não um ideal de “bom selvagem”, mas o de uma alma valente e sábia não deformada pelos modos amaneirados e falsas necessidades que uma civilização com excesso de refinamento cria. Séneca ensinou-nos que aquilo que é necessário deves procurá-lo, é lei de vida; aquilo que é útil, só se for oferecido e o que não é necessário nem útil, nem se for oferecido. Platão, na sua República elegeu como modelo de vida o espartano. A educação ateniense era ideal, mas a forma de viver espartana era melhor para os desígnios da alma. Ainda que, talvez, a melhor opção fosse o “modus vivendi” de Júlio César, de alma sensível à arte e à beleza, capaz dos maiores refinamentos de vida e, no entanto, quando era necessário tinha uma dureza e têmpera espartanas, na hora de experimentar privações e fadigas. A questão é que é muito difícil estar aberto a todo o tipo de influências e prazeres e que a alma não se amoleça com isso, por isso a chave do pensamento estóico, ao contrário da escola de Epicuro, era forjar a alma através das dificuldades dando ao corpo aquilo que necessitava estritamente, segundo a sua natureza.
Ouçamos os “murmúrios da história”, que repetem como um eco o nome, têmpera e façanhas de Viriato, o nosso herói lusitano. O texto é do filósofo estóico Poseidónio (135-50 a. C., aprox.), que juntamente com Panécio, é a figura mais destacada do chamado Estoicismo Médio. Este texto do filósofo aparece na obra de Diodoro Sículo:
“O lusitano Viriato foi de uma linhagem humilde, segundo alguns, mas famosíssimo pelas suas façanhas, já que de pastor se converteu em bandoleiro e depois general. Era naturalmente e pelos exercício que fazia, extremamente rápido na perseguição e na fuga, e excelente na luta a pé. Uma comida simples e uma bebida sem refinamentos era o que tomava com maior prazer: passou a maior parte da sua vida ao ar livre e sempre se satisfez com os leitos que a natureza lhe ofereceu. Por isso era superior a todo o tipo de cansaços e inclemências, nunca sofria com a fome, não se lamentava ante nenhuma contrariedade, sabendo extrair um bom partido de todas as circunstâncias desfavoráveis. Destacado tanto pela natureza como pela sua preocupação em manter essas qua-lidades físicas, destacava-se ainda mais pelas qualidades do espírito. Era rápido a compreender e a executar o necessário, vendo ao mesmo tempo o que tinha que ser feito e a oportunidade óptima para o realizar; era também capaz de fingir que conhecia o mais obscuro e que desconhecia o mais evidente. Mantinha-se sempre igual a si mesmo tanto acto de mandar como na obediência, nem modesto nem altivo: e pela humildade da sua origem e prestígio do seu poder conseguiu não ser inferior nem superior a nenhum. Em definitivo, não empreendia a guerra nem por ganância, nem por amor ao poder, nem movido pela cólera, mas fazia-a por ela mesma, e é sobretudo por isto que foi temido como guerreiro ardente e conhecedor da arte bélica”.

José Carlos Fernández
Director Nacional da Nova Acrópole


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